Os seres humanos inventaram a linguagem para identificar objetos, ações e fenômenos da natureza, porém também nomearam emoções e pensamentos que podem ser classificados em positivos e negativos, os positivos relacionados ao prazer e os negativos ao desprazer. Sentimentos difíceis como ansiedade, dúvida e incerteza causam desprazer e em um primeiro momento parecem ser coisas que devemos nos afastar. Em contrapartida emoções como o alívio geram prazer e parecem ser coisas que devemos nos aproximar.
Somos motivados igualmente para duas direções: em relação a coisas que queremos, mas também a coisas que não queremos. Aplicando a regra de afastamento e aproximação ao mundo interior é possível que aconteçam problemas. Por exemplo, pensar em alguma coisa que você fez que realmente está orgulhoso, como correr em uma maratona ou passar em um exame. Nos dias que antecederam essa conquista pensamentos e sentimentos como “não vou conseguir” ou “não serei capaz” podem ter surgido, bem como sentimentos de ansiedade, medo e preocupação. A mente então disse para se afastar e desistir, como se você tivesse visto um urso ou um ônibus em movimento. Se você tivesse obedecido o pensamento e tivesse se afastado imediatamente do sentimento aversivo a primeira emoção seria o alívio, porém se isto tivesse acontecido você não teria corrido a maratona.
A linguagem nos encorajou a tentar nos afastar de pensamentos maus e difíceis e a nos mover em direção a pensamentos bons e agradáveis. Isto pode funcionar a curto prazo, mas o problema é que não tende a funcionar a longo prazo e é uma armadilha que nos afasta de coisas que realmente são importantes e significativas.
Fazendo da evitação de sentimentos difíceis uma prioridade de vida constrói-se a vida sobre a evitação de coisas que não se quer e gera um afastamento das coisas que realmente são importantes.
Para controlar esta forma de evitação é necessário entender o que se quer, quais são os valores, o que realmente é importante na vida e ter coragem de experienciar pensamentos e emoções difíceis, não fugindo dos mesmos. Tais pensamentos e emoções são como uma onda, que inicia mas que também perde a força e termina.
Não é possível ter amor sem medo da rejeição, nem atingir o topo sem o medo de falhar. Não é possível mudar a vida para melhor sem a preocupação de que se pode estar mudando para pior. Sentir medo e ansiedade é parte do processo. Esta é a condição humana.
Podemos cultivar a habilidade de experienciar pensamentos e emoções na busca de realizações de coisas que realmente importam. Isto é chamado flexibilidade psicológica e nos leva a construir um mundo em direção ao que importa e não ao afastamento do que importa. Mesmo que doa temos que fazer as coisas que mais importam. E isso faz a diferença.