A preocupação é um processo intelectual que orienta o indivíduo a executar ações para resolver problemas e assim diminuir a ansiedade. É fundamental para a sobrevivência desde que seja funcional e adaptativo.
Já a preocupação patológica funciona como um processo irônico que invariavelmente aumenta em vez de diminuir a ansiedade porque exagera os pensamentos automáticos de resultados negativos antecipados.
Quando o indivíduo busca sem sucesso por segurança, tem ativado crenças negativas sobre preocupação, tentativas de supressão do pensamento, intolerância a incerteza, dificuldade na regulação da experiência emocional e se encontra nessa situação já por 6 meses ele preenche o critério para o diagnóstico de Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG).
Um recente grande estudo de gêmeos revelou que neuroticismo (hábito de reclamar) tem um impacto substancialmente maior sobre o aumento do risco para TAG do que qualquer outro transtorno psiquiátrico.
Indivíduos com TAG podem ter probabilidade aumentada de ter um transtorno por uso de substância ou desenvolver um transtorno de personalidade, possivelmente obsessivo-compulsivo, esquiva, paranóide ou dependente.
Indivíduos com TAG prestam atenção seletiva a estímulos ameaçadores e fazem interpretações tendenciosas de ameaça quando lhes é apresentada informação ambígua.
Pensamentos intrusivos ansiosos automáticos envolvendo ameaça incerta desempenham um papel crítico na iniciação do processo de preocupação pela ativação dos esquemas maladaptativos de ameaça e vulnerabilidade que caracterizam o TAG.
Beck e colaboradores (1985) propuseram uma perspectiva de predisposição na qual autoconfiança baixa e inadequação percebida em áreas específicas de funcionamento precipitam um estado de ansiedade crônica quando desencadeada por um evento que representa uma ameaça à sobrevivência física ou psicológica do indivíduo.
Wells (2006) considera as crenças negativas sobre preocupação um aspecto único de preocupação patológica no TAG porque um foco na qualidade incontrolável e perigosa da preocupação leva a metapreocupação, ou “preocupação com a preocupação”, um processo que é único no TAG.
A terapia cognitiva para TAG se focaliza no processamento elaborativo errôneo que contribui para a manutenção do pensamento ansioso e preocupação patológica, bem como nos esquemas disfuncionais responsáveis pelo estado de ansiedade generalizada.
A meta central da terapia cognitiva para TAG é a redução na frequência, intensidade e duração de episódios de preocupação que levariam a uma diminuição associada nos pensamentos intrusivos ansiosos automáticos e na ansiedade generalizada. Isso será alcançado pela modificação das avaliações e crenças disfuncionais, bem como das estratégias de controle maladaptativas que são responsáveis pela preocupação crônica.
Uma tentativa bem sucedida de terapia cognitiva transforma a preocupação de uma estratégia de enfrentamento de esquiva patológica em um processo construtivo orientado ao problema, mais controlado no qual a pessoa ansiosa tolera e aceita mais risco e incerteza.
São metas da Terapia Cognitiva para o Transtorno de Ansiedade Generalizada:
Normalizar a preocupação;
Corrigir crenças e interpretações de ameaça tendenciosas de questões preocupantes;
Modificar crenças sobre preocupação;
Eliminar metapreocupação (preocupação com a preocupação);
Reduzir a confiança em estratégias de controle de preocupação disfuncionais e promover respostas de controle adaptativas à preocupação;
Melhorar a confiança na capacidade de solucionar problemas;
Aumentar o controle percebido sobre a preocupação;
Intensificar o senso de segurança e autoconfiança para lidar com desafios futuros;
Aceitar risco e tolerar resultado incerto de situações e eventos futuros;
Aumentar a tolerância à emoção negativa.
Em termos de eficácia estudos mostraram que a Terapia Cognitivo Comportamental individual é um dos tratamentos mais eficazes para a preocupação crônica e TAG, com taxas de melhora no seguimento de 6 meses de 75% e taxas de recuperação real de 51%.
Em relação a efetividade, é equivalente a farmacologia. Entretanto, a Terapia Cognitivo Comportamental pode ser mais bem tolerada e pode ter efeitos mais duradouros.
É significativamente mais efetiva do que a psicoterapia analítica, com aproximadamente duas vezes mais pacientes de Terapia Cognitivo Comportamental relatando melhora clinicamente significativa após o tratamento do que aqueles que foram submetidos ao tratamento psicodinâmico.